sábado, 30 de janeiro de 2010

Rodrigo Leão e Cinema Ensemble @ C. C. Olga Cadaval


Pedro Almodóvar disse, algures, que considerava Rodrigo Leão um dos compositores mais inspirados do mundo. Pois então registe-se também que considero Pedro Almodóvar um dos mais esclarecidos cineastas do mundo, no que toca a conhecimentos musicais. No entanto, apesar deste meu incondicionalismo, ontem a caminho de Sintra, teorizava em como o concerto de Rodrigo Leão e Cinema Ensemble seria uma desilusão. Três horas mais tarde, comprovou-se mais uma vez que o meu altamente elaborado e complexo raciocínio estava certo (whatelse is new!) e a experiência infelizmente confirmou a teoria. Do alto da minha insatisfação perguntava ontem à noite: mas em que período obscuro do passado se tornou concebível um concerto destes ter menos de 5 horas!? Quer dizer, apregoa-se aos sete ventos as desvantagens e os perigos do coitus interruptus, anda a medicina a combater a ejaculação precoce e, ao mesmo tempo, organizam-se concertos de Rodrigo Leão e Cinema Ensemble com menos de duas horas!!! Sinceramente às vezes não compreendo este mundo que habito. Agora fora de merdas. A música de Rodrigo Leão está num patamar de bom tão alto que sabe sempre a pouco, seja ao vivo, seja enlatada sob a forma de discos como este “A Mãe”, o álbum de 2009, que o compositor dedica ao mais puro dos amores e em torno do qual girou este concerto. É o luxo absoluto, ponto. Combina na perfeição com artigos de pele, com cognacs topo de gama e charutos cubanos. Se a música fosse a indústria automóvel, Rodrigo Leão seria sem dúvida a Rolls Royce. Por falar nisso, se alguma alminha caridosa que me esteja a ler quiser emprestar-me um RR Phantom para dar umas voltinhas – com chauffeur evidentemente –, posso assegurar que o desfrute seria com certeza ao som do senhor Rodrigo. Em relação ao concerto propriamente dito, às imagens ali de baixo pouco tenho para acrescentar. Referir talvez que as meninas e os meninos do Cinema Ensemble merecem também o estatuto de semidevindades do mestre e que a voz da Ana Vieira é sublime em pelo menos 5 línguas (português, espanhol, francês, inglês e russo). Destaque também para a excelente participação de Gomo, que interpretou a música “Cathy” (cantada no disco por Neil “The Divine Comedy” Hannon), bem como um inédito composto a meias e acabado “apenas há dois dias”. Enfim, luxo, luxo, luxo… é a palavra que associo há muito a Rodrigo Leão e que ficará associada também a este concerto. Mas se o Rodrigo se dedicasse também ao tantrismo… isso é que era!


Rodrigo Leão no C.C. Olga Cadaval

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