Sobre a Festa do Avante, tornou-se lugar comum dizer que é apenas mais uma espécie de festival de verão, principalmente para o caso da malta mais nova, que ajuda a encher a Atalaia, durante os três dias de Setembro. Não duvido que assim o seja, aliás, até posso confirmar isso mesmo, mas se é um facto que grande parte dos muitos milhares que participam no Avante, o fazem pela oferta cultural disponibilizada, com destaque especial para a música, também não deixa de ser verdade que o espírito daquela festa e dos que nela participam é totalmente diferente de qualquer festival de Verão, ou de qualquer outro evento comparável. Sente-se isso assim que se transpõem as portas da Atalaia. Sente-se algo que não se sabe bem de onde vem mas que, definitivamente, está ali, paira no ar. Talvez seja por se saber que todo aquele espaço, todos aqueles pavilhões e palcos são obra de voluntariado e que é nesse mesmo regime que ali se encontram centenas de pessoas, a cozinhar, a servir, a limpar, a tocar, a cantar, a darem aquilo que sabem e podem, num esforço comum para que no fim possam dizer: “não há festa como esta”; talvez seja por nos sabermos recebidos por pessoas que compartilham uma ideologia que, viável ou não, tem na base da sua criação a busca por uma sociedade melhor e que, principalmente, acreditam nisso; talvez seja a naturalidade com que se divertem, num mesmo espaço, novos e menos novos, cultos e menos cultos, ricos e menos ricos e, acima de tudo, comunistas e menos comunistas; talvez seja de outra coisa qualquer, ou de tudo isto e algo mais, não sei. Sociólogos e psicólogos talvez consigam explicar, melhor que eu com certeza, mas que se sente um espírito de boa onda, como agora se costuma dizer, sente. Não digo que seja a festa perfeita, longe disso. Assim como noutras equiparáveis, há escaramuças, há excessos, há actos de pouco civismo, há tudo o que é inerente a um evento com muitos milhares de seres humanos. Mas que há ali algo, ai isso há.
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1 comentário:
http://estacao-de-algures.blogspot.com/2008/09/avante.html
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