Sempre gostei de começar do esboço, pelo que, de entre as várias especialidades da marcenaria, não posso dizer que o restauro de peças antigas de madeira, seja das minhas preferidas. No entanto, tem sido isto mesmo que me tem ocupado parte do tempo, nos últimos dias. Em concreto, encontro-me a tentar recuperar um candeeiro que trouxe de casa da minha avó. Encontrou-o a Mrs. Crama, sobre um dos móveis, rodeado de um monte de serradura. Perante o avançado ataque de caruncho, propôs-me a avó, trazê-lo para restauro. A princípio não estava muito inclinado, pois sei que estas coisas levam bastante tempo a serem concluídas, se se quiser fazer um trabalho bem feito, mas depois de ouvir a estória do candeeiro, não podia deixá-lo ser destruído pelos bichinhos carpinteiros. Foi comprado, o dito, pelo meu bisavô, na feira de Trancoso, e oferecido à minha avó, tinha ela cerca de 5 anos. Tenho em mãos, portanto, um candeeiro com 87 anos, mais coisa menos coisa. Trata-se de uma figura estilizada de uma lavadeira, com a base (mulher) em madeira e um globo de vidro que era envolto num pano e que simulava a trouxa de roupa à cabeça. Havia ainda um pequeno xaile, que a “mulher” trazia à volta dos braços, que também não resistiu ao efeito do tempo.
Quando comecei o trabalho, ainda pensei em fazer apenas um tratamento contra os insectos xilófagos (anobium punctatum) e pedir a alguém que me fizesse as peças em tecido, mas assim que o comecei a desmontar e limpar vi que os estragos eram já bastante profundos sendo inevitável um trabalho de fundo. Ir ao osso, como se costuma dizer. Agora que contabilizo o tempo que já gastei nesta tarefa e que hei-de gastar ainda, não consigo deixar de pensar que, com muito menos trabalho e muito mais rapidamente, faria uma peça equivalente nova. Mas por outro lado, não teria 87 anos, nem seria o candeeiro da minha avó, não é verdade?
Quando comecei o trabalho, ainda pensei em fazer apenas um tratamento contra os insectos xilófagos (anobium punctatum) e pedir a alguém que me fizesse as peças em tecido, mas assim que o comecei a desmontar e limpar vi que os estragos eram já bastante profundos sendo inevitável um trabalho de fundo. Ir ao osso, como se costuma dizer. Agora que contabilizo o tempo que já gastei nesta tarefa e que hei-de gastar ainda, não consigo deixar de pensar que, com muito menos trabalho e muito mais rapidamente, faria uma peça equivalente nova. Mas por outro lado, não teria 87 anos, nem seria o candeeiro da minha avó, não é verdade?
6 comentários:
Não te lembras que o tecido era de xadrez pequenino branco e preto??
Pelo menos o Xaile era...no nosso tempo já não tinha trouxa...
:-))
Não, já não me lembro.
Mas já agora, lembras-te que tipo de tecido era? Linho, algodão, lã?
E achas que és capaz de fazer "um boneco" com o padrão?
A toalha que trazia pendurada á frente era de linho branco, pendurada nos braços...o xaile era do tal xadrez pequenino preto e branco, devia ser algodão, lã não era. Não consigo é lembrar-me de como eram os acabamentos do Xaile, terás de perguntar á avó...eu vou perguntar ao meu pai se se lembra!!
(O xadrez era daquele tipo dos bibes dos miúdos, só que mais miudinho)
ai que bery well done...
sim senhor!
sai uma vénia :)
Ora, ora! Por quem sois!
finalmente vais tirar o pó da boneca e das tuas ferramentas!sai mais uma vénia!
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