As chamadas partidas do destino são decididamente infinitas e pródigas na sua constante renovação. Sem mais demoras e direito ao assunto. Ontem, os Crama estiveram presentes num jantar-comício de apoio a uma candidatura que irá a votos nas próximas eleições autárquicas! É verdade! Podem subir o maxilar inferior! Logo eu, que “havendo governo, estou contra”! Logo eu, que considero o poder autárquico como um dos cancros da nossa (chamada) democracia e um dos grandes responsáveis pela merda de país que temos. Eu, que tenho a firme convicção de que existe corrupção, compadrios, gestão danosa ou outras trafulhices, em pelo menos 80% das câmaras municipais, incluindo a minha, e que estas se deixam invariavelmente vergar perante interesses de construtores ou outros poderes económicos. Eu que não consigo dar dois passos no meu burgo, ou em qualquer burgo, sem deixar de reparar logo numa série de coisas que as câmaras podiam fazer melhor, mais barato, ou melhor e mais barato. Mas a vida num meio pequeno tem destas coisas. O presidente é o fulano que toma pequeno-almoço na mesa ao lado da nossa, no café. O vereador é aquele bacano que de vez em quando encontramos em concertos e que até tem bons gostos musicais. O candidato da oposição é o pai da amiguinha do pirralho… E daí a “Cramas em jantares-comício” é um passo, de formiga. Mas como uma desgraça nunca vem só, e para compor melhor o surreal ramalhete, em que mesa é que julgam que o Crama se sentou, no tal jantar, depois de muito procurar por aquela que lhe pareceu como a de localização mais discreta? Claro, aquela ao lado da mesa dos candidatos e de outros personagens de renome da política local e regional. Aquela bem no enfiamento dos holofotes e objectivas! Não sei se dá para perceber a dinâmica: “Ora temos aqui em primeiro plano, o candidato e os restantes políticos, e ali em segundo plano, a família Crama a braços com os lombinhos de porco e o sortido de legumes.” Lindo! E por fim, a cereja no topo do bolo: quem é que vocês acham que foi cravado para dar uma entrevista para a comunicação social, ali, com microfone em riste e camera de televisão em plano americano? Quem respondeu “Tu, Crama”, é evidente que não conhece a minha melhor cara “Se-dás-mais-um-passo-na-minha-direcção-levas-com-a-taça-do-pudim”. Garanto, afugenta qualquer repórter metido à besta. Quem respondeu “A Mrs. Crama que até já tem experiência no ramo”, acertou. Já agora, numa de continuar com isto da interacção e como acredito que toda esta saga ainda tem margem para evoluir, estou a ponderar aceitar apostas para ver quem acerta em que telejornal é que vão passar as imagens do evento. Os vencedores habilitam-se a algo que pode ir da garrafa de licor de poejo, à caixa de cookies, tudo com proveniência Crama – Produtos Alimentares, SA.
Sem comentários:
Enviar um comentário