terça-feira, 27 de novembro de 2007

Josh Rouse @ Aula Magna

Afinal, graças à SA, uma das leitoras/comentadoras aqui da tasca, sempre deu para ir ver o Josh Rouse à Aula Magna. Bem hajas, mais uma vez, pela companhia e pela borlix.

A primeira parte do concerto foi assegurada por um rapaz que eu nunca tinha visto mais gordo, munido de uma imensa cabeleira. Entrou em palco sozinho com uma guitarra acústica e logo com a primeira música deu o mote para a sua actuação: um som calmo e relaxante, com a guitarra e voz em bons níveis. No final da primeira música, apareceu uma senhora que se instalou atrás de um notebook ao lado do tal guedelhudo. Pela indumentária fui levado a crer que se tratava de uma roadie ou de uma assistente do moço que, enquanto ele tocava, ia aproveitar para ver uns mails, ou carregar umas coisas em SAP. Afinal era mesmo a segunda metade do que passou a ser um duo, que para além de cantar ficou encarregue de um teclado minimalista ligado ao tal notebook. Apesar desta adição, a toada manteve-se a mesma, com músicas easy-listening mas que a dada altura já soavam um pouco a bore-listening. No final da actuação de cerca de uma hora, fiquei mesmo com a sensação que as palmas eram mais de alívio do que satisfação.

Hoje, depois de pesquisar um pouco, descobri que o tal rapaz se chama Federico Aubele, é argentino, e tem dois álbuns produzidos pelos Thievery Corporation. Também pude constatar que a critica é bastante unânime sobre a qualidade do som do Federico apelidando-o de mescla de sons latino-americanos como o tango argentino, o bolero mexicano e o reggae jamaicano, sendo estabelecidas com frequência comparações com os ditos Thievery assim como com os Gotan Project. Pensei: “Homessa!? Não devem estar a falar do mesmo gajo!”. Fui investigar mais, e do que já pude sacar confirmo realmente que o sacana do Federico até tem um som porreiro, pelo que concluo que o problema da monotonia da actuação esteve nos arranjos para uma instrumentação reduzida a guitarra e teclado. Ficam aqui duas amostras.



Depois, de um curto intervalo, lá veio então o Xor Josh mais a sua banda composta de baixo (parecia saído da Brit-Com, como frisou a SA), bateria e de mais um senhor que alternou as teclas com a segunda guitarra. Calorosamente recebido, foi parco em palavras e passou ao que o trazia ali. Mais tarde explicou que não se encontrava nas melhores condições, devido a noites mal dormidas, mas que não iria utilizar isso como desculpa. Soube hoje que o Josh anda adoentado, tendo mesmo anulado um showcase previsto para o mesmo dia na FNAC. Realmente a má forma era visível mas felizmente não audível, tirando uma ou outra falha.

Durante hora e meia foi percorrida uma boa série de temas tanto do seu último álbum “Country House City Mouse”, como dos mais antigos “1972”, “Subtítulo” e até mesmo de "Under Cold Blue Stars". Não me lembro de toda a set list, mas recordo principalmente os temas mais orelhudos: Hollywood Bass Player, 1972, Come Back e Love Vibration com que terminou o concerto. E claro, Quiet Town, que parece ter sido escrita para mim. Só ficou a faltar a Sad Eyes, que por coincidência está a tocar como banda sonora de uma cena da Grey’s Anatomy que está a dar na televisão, enquanto escrevo estas linhas. (Não quero choradeiras, ok?) ;)


Em termos qualitativos o concerto foi bom, no entanto a música de Josh Rouse é uma música que agrada sem empolgar. É certo que ao vivo, e acompanhado da banda, os temas ganham outro impacto, mas ainda assim é uma música redonda, sem arestas. Sai-se de um concerto de Josh Rouse de bem com o mundo, mas com uma sensação de que foi suave demais. Não extenua como uns LCD, não aquece a alma como uma Regina Spektor, não trucida como uns Metallica, nem faz acreditar que existe um ente superior que ilumina seres de excepção como acontece com Arcade Fire. Mesmo assim foi uma óptima maneira de terminar a segunda-feira.

PS - Como bom cabeça-de-alho-chocho esqueci-me de levar a máquina pelo que não há, nem fotos, nem vídeos caseiros. Temos pena. Ficam mais uns clips para mais tarde recordar.

Set list

Hollywood Bass Player
Saturday
God Please Let Me Go Back
Givin It Up
Nice To Fit In
Feeling No Pain
Comeback
Snowy
His Majesty Rides
Middle School Frown
Quiet Town
Carolina
Sweetie
My Love Has Gone
Why Wont You Tell Me
1972
It Looks Like Love
It's The Nightime
Slaveship

Love Vibration

Video gravado ontem: Link


2 comentários:

Anónimo disse...

Está confirmado, a série "Anatomia de Grey" deixa-me em desgraça, é o maior consumidor de lenços lá pelas minhas bandas. Ele é a "voz da consciência" da Grey, ele é todo o lado dramático do sofrimento e da dor, é a dor de corno herself...
Então e não é que agora até a música me deixa incomodada.
Ontem foi mais uma choradeira. Será da idade!?
SA

Crama disse...

Hei-de averiguar, depois digo se é da idade.