A minha empresa associou-se à próxima acção de recolha de alimentos que o Banco Alimentar contra a Fome irá promover, nos próximos dias 1 e 2 de Dezembro. A ideia seria, dentro do conjunto de colaboradores, criar uma lista de voluntários que assegurassem a campanha de recolha em pelo menos um espaço comercial.
Em conversa com uma das colegas responsáveis pela organização interna da acção, fiquei a saber que, após alguns dias de distribuição do e-mail, a adesão à iniciativa tem sido praticamente residual, o que, segundo ela, era alvo de alguma estranheza. Aparentemente não compreendia que uma acção deste tipo, em que não é pedido mais do que um pouco do nosso tempo livre para uma causa incontestavelmente nobre, e que até poderia servir para alguns momentos de confraternização entre colegas, não tivesse mais adesão. Pois a mim, pelo contrário, nada disto me espanta. É apenas mais um exemplo da falta de consciência social do povo português, neste caso aplicado ao universo dos colaboradores de uma empresa grande.
Há um discurso generalista que aponta a falta de sentido cívico como uma das causas, senão mesmo a grande causa, de sermos a cauda da Europa em inúmeros aspectos. Fuga ao fisco, sinistralidade automóvel, mau estado das infraestruturas, péssimos índices de educação e formação… a lista é quase infindável, mas quando toca a realmente fazermos algo contra o status quo, ficamos em casa, a ver telelixo e a ruçar os sofás, ou reclamamos refastelados na cadeira da esplanada. Vivemos tempos de primazia do “eu” sobre o “nós”, do “meu” sobre o “nosso”. E se o mal é “deles”, então “eles” que se safem. O máximo que fazemos é assinar umas petições on-line, reencaminhar uns e-mails lamechas de proveniência muitas vezes duvidosa ou pôr umas bandeiras nas janelas, mas se toca a ter que mexer o rabo, alto e pára o baile. Até o conceito de manifestação teve de ser adaptado. Agora fazem-se buzinões ou marchas lentas. Andar a pé, só se for para contestar a perda de um direito ou de uma regalia. Aí já fia mais fino. Agora:
- “Darfur? Isso já lá devem estar muitos”.
- “Votar num referendo? Epá, está tão bom tempo para ir para a praia.”
- “Dar sangue? Faz dói-dói.”
- “Ajudar o Banco Alimentar? A um sábado!!!???”
É claro que não podemos ir a todas, nem se consegue mudar tudo de uma vez, mas se não fizermos nada, então nada será feito. Como disse o outro: “Uma viagem de mil quilómetros começa com um só passo.”
Quanto a mim, esta não quero falhar. Conheço relativamente bem a realidade do Banco Alimentar e acho que o facto de se recolherem directamente alimentos, e não dinheiro, ajuda a credibilizar e dá mérito à iniciativa. Por outro lado agrada-me a ideia de integrar um grupo de pessoas que se vai poder orgulhar de ter ajudado a recolher uns valentes quilos de alimentos que, no final de um processo complexo, chegarão a pessoas que de outro modo não os teriam.
Dia 1 lá estarei. Alguém quer ajudar, ou fazer companhia?
Mais informação: Banco Alimentar
7 comentários:
É assim que nos querem: abúlicos, apáticos, a agradecer o empregozinho porque pior era não ter nenhum. Sem consciência cívica, vendo esboroar os direitos e não fazer nada.
Mereceremos o país que temos? Ou o país merece os habitantes que tem?
Raio de dilema! O melhor é ir descansar. Amanhã lá estarão os colegas de sempre,os alunos de sempre, a ministra de sempre(isso não, porra!)para nos alegrar o dia.
Viva Portugal!
O egopismo imperam nos tempos que correm, os dirigentes agradecem pois egoistas e separados somos melhor manipulados.
Porreiro pá!
Dia 1 lá estaremos.
Bem-haja o Crama pela lucidez.
SA
Onde é ??
helena
Helena: Em princípio será no Feira Nova de Chelas.
No dia 2 tou diponível, tb posso ir todo o dia ou por rotação, pois sei como é, fiz há 2 anos tb.
Se quizeres conta comigo. Mãe
Correcção.
A iniciativa irá decorrer em várias superfícies comerciais, podendo a inscrição ser feita em http://www.bancoalimentar.pt/.
Eu, assim como os meus colegas que se alistarem, estaremos (em princípio) no Feira Nova de Chelas.
Fica a informação.
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