sábado, 28 de agosto de 2010

Tasca report - Dia 3

9:00 – Tasco is now open.

10:00 – É que não há mesmo nada como o cheiro a refogado pela manhã. Um gajo fica alimentado para o resto do dia.

Há qualquer coisa de dia D no ar. A ver se não é de Desgraça.
Decido jogar o ás de trunfo. Atiro-me à Feijoada à Transmontana.
Onde é que pus a receita que tirei da net?

Acabado de criar o lema do estabelecimento:


Tasquinha dos Lampanas
A servir bem desde sexta-feira

Negoceio com a vizinhança toda a sombra disponível.
Os meus vizinhos tendeiros são, decididamente, melhores que os vossos.

A feijoada começa a sair.
Ouvem-se os primeiros elogios.

Um senhor muçulmano quer saber o que tenho para comer. Explico-lhe o que são rojões e feijoada à transmontana. Com um esgar de horror pergunta-me se tenho algo que não leve carne de porco. Preparo-lhe um prato de carne de vaca picada (que estou a preparar para o chili) com arroz. O senhor senta-se numa mesa onde várias pessoas se atiram à feijoada. Passados 15 minutos, com tantos elogios dos comensais, não resiste ao bom aspecto da feijoada e pede-me um prato. Tento explicar-lhe o que é salpicão, chouriço de sangue, chouriço, chispe, entrecosto e orelha. Não vale a pena, está decidido. Enquanto lhe avio um prato “de cagulo” penso quais as probabilidades de arranjar, em Almeida, um exemplar do Exorcismo Islâmico para Tótós.

Atingi o ponto mais alto da minha carreira de cozinheiro: tenho um muçulmano a refastelar-se com a minha feijoada. Tanta trabalheira com as cruzadas! Batalhas, cercos, espadas, guerra, morte... Levassem umas tachadas de feijoada e o Médio Oriente era hoje um local mais tranquilo que a Suíça.
A propósito, se o Adrià perguntar pelo meu mail, digam-lhe que está ali na barra ao lado.

Ainda mal acabei de servir os almoços e já tenho o tasco à pinha com gente a pedir-me feijoada.
Todo o staff labuta a mil à hora.
Staff quer dizer adorável esposa e senhora minha sogra. O Pirralho está a usufruir dos benefícios sociais, que isto é uma empresa como deve de ser.

Alguém pergunta à Mrs. Crama onde é que fica o nosso restaurante. Infelizmente não tenho tempo de lhe dar um beijinho.

Em 45 minutos “à Académica” voaram 15kg de feijoada. E a fona ainda não acabou.

O ritmo começa a abrandar.
Vai começar a recriação.
A pouco e pouco a tasca fica deserta.
Temos pouco mais de uma hora para arrumar tudo e preparar-mo-nos para o segundo ataque ao bar.

Ainda mal se calaram os canhões e ei-los, metade da NATO!
O Vitó junta-se às forças sitiadas.

Avio cerveja em quatro línguas diferentes.
Atendo espanhóis em português, franceses em inglês e às vezes vice e outras vezes versa.

Minis, médias, sangria, minis, médias, sangria, minis, médias, sangria, minis, médias, sangria, minis, médias, sangria, minis, médias, sangria, minis, médias, sangria, minis, médias, sangria, minis, médias, sangria, minis, médias, sangria, minis, médias, sangria, minis, médias, sangria
Por mais que a gente dispare eles não param de atacar.

2:30 – Vendi a minha última mini.
Tal como Almeida, a Tasca caiu ao segundo dia de cerco.

5:00 – Que se lixe o despertador. À hora que acordar, acordei.

1 comentário:

Trigo disse...

Bemmmm, que grande estucha que levaste...ou levaram...

finalmente arranjaste um barraco gourmet!hehe

Abraço