sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

A Trilogia de Nova Yorque, de Paul Auster

Antes de começar a ler um livro, tenho por hábito folheá-lo de trás para a frente, e de um modo aleatório escolho 2 ou 3 parágrafos para efectuar uma pré-análise sumária. É uma forma de medir o pulso à escrita.
Com este livro, A Trilogia de Nova York, que comecei a ler na quarta-feira, não foi diferente. Lida a biografia do autor, toca a escolher, às cegas, um parágrafo.
Página 13.
Dou com esta pérola:
O telefone tocou estava ele sentado na sanita, no momento de expelir o cagalhão… estava assim ocupado na minúscula casa de banho quando o toque do telefone lhe chegou aos ouvidos como uma clara irritação. Atender rapidamente o telefone significava levantar-se de imediato sem poder limpar-se, e enojava-o ter de atravessar o apartamento naquele estado. Por outro lado, se terminasse o que estava a fazer no seu ritmo normal, não chegaria a tempo para atender.
Lindo.
Fiquei logo a gostar deste Paul Auster.
Admiro os autores que se preocupam não só em descrever metafisicamente as suas personagens, mas que fazem questão de lhes dar uma dimensão verdadeiramente humana. Ainda para mais, neste caso, quando a isso associam análises e propostas de soluções concretas, para esses grandes dilemas que afectam o nosso dia-a-dia.
Só estou à espera de encontrar a parte em que o Paul Auster irá abordar a problemática do espirrar em condições de simultaneidade com o acto de urinar, na perspectiva de quem tem rinite alérgica.

PS – Por enquanto estou a gostar.

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