Quando coloquei este “post” ainda não tinha começado a ler este livro. Decidi registar o dia em que inicio uma leitura e não o final da mesma. Acho que é uma questão de feitio: prefiro assinalar antes as coisas que começam do que as coisas que acabam. A desvantagem é que tal não me permite fazer qualquer tipo de análise ou tecer uma recomendação apesar da pré-leitura em diagonal de meia dúzia de páginas. Mas isso foi ontem. Hoje, depois de ter lido cerca de 25% do livro (não é muito extenso), já posso dizer qualquer coisa. É um livro com um ritmo totalmente diferente do narrativo Lista de Schindler, que acabei de ler ontem. Neste Fahrenheit 451 a acção avança através dos diálogos das personagens. Guy Montag é um bombeiro num futuro incerto, onde as casas são ignífugas e os livros proibidos. A sua função é exactamente queimar livros, os quais ardem alegadamente a 451ºF. Numa noite, de regresso a casa, depois de um dia de trabalho conhece Clarisse: “- Parece-me que lhe devo dizer – disse Clarisse – Tenho dezassete anos e sou maluca. O meu tio afirma que as duas coisas acontecem sempre ao mesmo tempo. Se te perguntarem a idade, diz-me ele, responde sempre que tens dezassete anos e que não és boa da cabeça.” Percebe-se logo que Clarisse não se encaixa naquele futuro obscuro e opressivo, regido de forma totalitária, onde ler é crime, bem como qualquer forma de cultura como hoje a concebemos, com excepção da omnipresente e estupidificante televisão. Verifica-se no entanto que algumas descrições do tal futuro são notavelmente actuais. Para além do papel da televisão: “Não tenho um único amigo. Isso chega, parece, para provar que sou anormal. Mas todos quantos conheço passam o seu tempo a gritar, a saltar como selvagens ou a baterem-se. Notou como toda a gente se agride, hoje? - Fala como uma velha. - Algumas vezes sou muito velha. Tenho medo das crianças da minha idade. Matam-se umas às outras. Foi sempre assim? O meu tio diz que não. No ano passado, seis dos meus camaradas foram abatidos. Dez morreram em acidentes de automóvel. Tenho medo deles e eles não gostam de mim porque eu tenho medo.” Este livro foi escrito em 1953. Notável, não é? Posso também dizer, a título de comparação, que os cenários descritos por este livro me fizeram lembrar os de 1984 de George Orwell, livro que gostei muito. Portanto, e para resumir a resposta à tua pergunta, recomendo se apreciares o género.
PS – Percebi pelo teu blog que gostas de cinema. Pois segundo pesquisei, este livro foi muito bem adaptado ao cinema por François Truffaut (o filme é em inglês), em 1966. (http://adorocinema.cidadeinternet.com.br/filmes/fahrenheit-451/fahrenheit-451.asp)
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Quando coloquei este “post” ainda não tinha começado a ler este livro. Decidi registar o dia em que inicio uma leitura e não o final da mesma. Acho que é uma questão de feitio: prefiro assinalar antes as coisas que começam do que as coisas que acabam. A desvantagem é que tal não me permite fazer qualquer tipo de análise ou tecer uma recomendação apesar da pré-leitura em diagonal de meia dúzia de páginas. Mas isso foi ontem. Hoje, depois de ter lido cerca de 25% do livro (não é muito extenso), já posso dizer qualquer coisa. É um livro com um ritmo totalmente diferente do narrativo Lista de Schindler, que acabei de ler ontem. Neste Fahrenheit 451 a acção avança através dos diálogos das personagens. Guy Montag é um bombeiro num futuro incerto, onde as casas são ignífugas e os livros proibidos. A sua função é exactamente queimar livros, os quais ardem alegadamente a 451ºF. Numa noite, de regresso a casa, depois de um dia de trabalho conhece Clarisse:
“- Parece-me que lhe devo dizer – disse Clarisse – Tenho dezassete anos e sou maluca. O meu tio afirma que as duas coisas acontecem sempre ao mesmo tempo. Se te perguntarem a idade, diz-me ele, responde sempre que tens dezassete anos e que não és boa da cabeça.”
Percebe-se logo que Clarisse não se encaixa naquele futuro obscuro e opressivo, regido de forma totalitária, onde ler é crime, bem como qualquer forma de cultura como hoje a concebemos, com excepção da omnipresente e estupidificante televisão. Verifica-se no entanto que algumas descrições do tal futuro são notavelmente actuais. Para além do papel da televisão:
“Não tenho um único amigo. Isso chega, parece, para provar que sou anormal. Mas todos quantos conheço passam o seu tempo a gritar, a saltar como selvagens ou a baterem-se. Notou como toda a gente se agride, hoje?
- Fala como uma velha.
- Algumas vezes sou muito velha. Tenho medo das crianças da minha idade. Matam-se umas às outras. Foi sempre assim? O meu tio diz que não. No ano passado, seis dos meus camaradas foram abatidos. Dez morreram em acidentes de automóvel. Tenho medo deles e eles não gostam de mim porque eu tenho medo.”
Este livro foi escrito em 1953. Notável, não é?
Posso também dizer, a título de comparação, que os cenários descritos por este livro me fizeram lembrar os de 1984 de George Orwell, livro que gostei muito. Portanto, e para resumir a resposta à tua pergunta, recomendo se apreciares o género.
PS – Percebi pelo teu blog que gostas de cinema. Pois segundo pesquisei, este livro foi muito bem adaptado ao cinema por François Truffaut (o filme é em inglês), em 1966. (http://adorocinema.cidadeinternet.com.br/filmes/fahrenheit-451/fahrenheit-451.asp)
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