O jogo – o retrato do chinês – consistia em associar um parceiro a um animal, uma flor, um carro, um objecto, um desporto e uma paisagem, justificando devidamente cada escolha.
Até admito que se trate de um jogo que seja engraçado para fazer com pessoas que conhecemos minimamente, o problema, naquele dia, é que me calhou como parceira, uma colega que eu nunca tinha visto e com quem nunca tinha falado. Uma perfeita estranha portanto. Comecei por olhá-la discretamente tentando obter alguma ideia. Nada. Zero. Rien. Depois de algum stress, e numa altura em que todos os meus colegas já rabiscavam alegremente os formulários, tive uma ideia. Estúpida, como é hábito, mas uma ideia. E toca a passar para o papel. Quando chegou a minha vez de descrever a Isabel, saiu-me assim:
Se fosse um animal, seria uma ave-do-paraíso, porque nunca ouvi cantar.
Se fosse uma flor, seria uma flor-de-lótus, porque nunca cheirei.
Se fosse um carro, seria um Aston Martin, porque só vi de passagem.
Se fosse um objecto, seria um sino, porque nunca toquei.
Se fosse um desporto, seria a petanca, porque desconheço totalmente as regras.
Se fosse uma paisagem, seria o Grand Canyon, porque não conheço, mas gostava de conhecer.
Pelo olhar embevecido da formadora, acho que tive a melhor nota, a Isabel coitada estava um bocado corada, já os meus colegas olhavam para mim com cara de: “Mas este gajo bebe xixi!?”
É… tenho mesmo de reduzir a medicação. Com estas quantidades de Xanaxs e Prozacs acho que tenho o amendoim intra-craniano irremediavelmente torrado.
1 comentário:
Não foi por falta de aviso!!!!
Se disseste isso sobre a rapariga sem a conheceres pagava para saber o que sairia caso a conhecesses.
Vê lá se te saí uma inspiração "prozaquiana????" no dia 6 de Maio que a Mrs. Crama também quer...
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