quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Hiljentää haluta

“Um livro é um amigo”, disse-o alguém. Acrescento eu: No comboio, um livro é o melhor amigo. O segundo melhor amigo é o silêncio. Posto isto pergunto: Quem foi o infeliz que achou ser boa ideia colocar um pequeno altifalante em telemóveis com leitor de mp3? Está-se mesmo a ver que só pode ter sido algum empregado da Nokia, por suposto finlandês, habituado a níveis de civismo minimamente decentes. Esqueceu-se a alminha que noutros pontos do planeta, nomeadamente neste cantinho à beira-mar plantado, há mamíferos que não se coíbem de utilizar a sua “invenção” para torturar todos quantos os rodeiam. Será que o viking pensou nos crimes contra a humanidade que se poderiam cometer com a sua engenhoca, por exemplo, dentro de um comboio português? Não, não pensou! Se tivesse pensado um pouco, tinha enfiado o altifalante no… num microondas, ou numa máquina de lavar, onde provocaria danos muito mais limitados. Mas não, no telemóvel é que era e agora imagine-se ir no comboio e ter de levar com D-Zirts, Jay Zees, Britneys, duplas sertanejas e o “rai’c’os” parta a todos, debitados pelas esganiçadas engenhocas, ainda por cima com um som horroroso, estridente, só comparável ao timbre da voz da Júlia Pinheiro. É dose! Já não chegavam os telemóvel-dependentes capazes de tagarelar entre Santa Apolónia e a Azambuja, as criancinhas aos berros (sim porque as criancinhas apesar das suas capacidades cerebrais pouco desenvolvidas conseguiram criar uma língua própria para a espécie. Trata-se da antítese da Língua Gestual. Chama-se Língua Berroal e, por este andar, ainda há-de ser promovida a segunda língua a seguir ao português) e as conversas de encher chouriços entre passageiros – a Vanessa que é uma jóia de moça mas não estuda e dorme até ao meio-dia, o Juvenal que lhe cresceu um hematoma na virilha… – só faltavam agora os telemóveis com altifalante. Ainda falamos nós dos espanhóis que são muito barulhentos. Coitados dos espanhóis! Por menos que isto rebentam bombas em Espanha. Ah mas isto não fica assim! Vou já escrever uma carta ao presidente da CP pedindo-lhe medidas em conformidade. Depois dos comboios para não-fumadores, está na altura de criar comboios para não-faladores, perdão, para não-ruídores. É complicado? Carruagens vá…

3 comentários:

Anónimo disse...

Em vez de uma carta o melhor mesmo é fazer um abaixo assinado. Eu assino!

Anónimo disse...

Onde é que se assina? Como os gajos da CP andam com falta de carruagens, se calhar não seria má ideia dar autorização aos picas para aviarem uns tabefes bem assentes nos imbecis. Provavelmente bastava um, bem dado e em cheiro, com balanço, metade nas fussas metade no aparelho. Já está.

Crama disse...

Sinto vontade suficiente para criar, se não uma associação, pelo menos um lobby. O lobby do silêncio.