No post onde mencionei este concerto, acabei por dar mais destaque à figura de Zeca Afonso, do que propriamente à Cristina Branco. Repara-se então essa injustiça.
O espectáculo contou com a participação, para além da intérprete de Almeirim, dos seguintes músicos:
Ricardo Dias - piano e acordeon
Mário Delgado - guitarras acústica e eléctrica
Alexandre Frazão - bateria
Bernardo Moreira - contrabaixo
As músicas interpretadas foram:
O menino é d'oiro; No comboio descendente; Ronda das Mafarricas; Maio, maduro Maio; Canção de embalar; Canto moço; Tu, Gitana; Sr. Arcanjo; Cantigas do Maio; Avenida de Angola;Carta a Miguel Djéjé; Redondo vocábulo; A morte saiu à rua; Chamaram-me Cigano; Os Índios da Meia Praia e Venham mais cinco já no encore.
A qualidade do som esteve muito boa, assim como o compartamento do público que encheu o Jardim de Inverno do S. Luiz, com excepção de um senhor que ficou à minha frente, e que fez questão de mostrar que estava ali contrariado. Felizmente, nada que tivesse perturbado o processo de contemplação em curso.
Logo aos primeiros acordes, penso que ficou claro para toda a gente que o Zeca Afonso não estaria nessa noite no palco, mas sim do outro lado, na plateia, em cada um dos presentes, a apreciar a forma como a sua música pode ser re-inventada.
A dada altura do concerto, Cristina Branco sugeriu que o público participasse mais, se assim o entendesse, mas tirando umas timidas palmas de acompanhamento em algumas músicas, nada feito. E isto porquê? Frieza? Distanciamento? Não, nada disso, antes pelo contrário. Porque num concerto deste tipo, intimista como se costuma apelidar, a pressão sobre quem está na plateia também é muito grande, e ontem a Cristina Branco encheu de tal forma aquela sala, que ao público não restou o cumprimento do seu papel principal, que é ouvir e aplaudir. E foi isso que eu fiz, ouvi e aplaudi, muito.
Cristina Branco agradeceu aos presentes que encheram a sala, no final da segunda música, dizendo: "Obrigado por virem connosco nesta viagem". Pois é exactamente isso que a música de Zeca Afonso é hoje: um porto de partida para viagens que podem ter uma infinidade de destinos, conforme ficou patente no disco Filhos da Madrugada. Desta vez a viagem foi feita de veleiro, com o jazz a enfunar as respectivas velas. E que bela viagem foi.
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