quinta-feira, 8 de novembro de 2007

5ª frase da página 161

A corrente da 5ª frase da página 161 chegou aqui à chafarica trazida pela Rita (hás-de cá vir). Depois de consultar as regras fiquei com impressão que esta cadeia é assim um bocado… vamos dizer chochita. Algo sem graça, sei lá.
Pegando na mesma temática podia-se ter feito uma coisa muito mais estimulante. Por exemplo: um gajo qualquer decidia enviar esta cadeia a 5 gajos, esses tais gajos faziam lá a treta de afixar a frase, mas, e aqui é que residia a grande diferença, tinham de depositar 1€ numa conta à ordem, e só então depois, cada um deles passaria a outros 5 gajos, ou gajas, que aqui a unificação dos géneros é só forma de simplificar a escrita. Haveria ainda uma regra importante: quando a cadeia chegasse a um blog sem graça nenhuma, sem qualquer tipo de interesse e cujo blogger tivesse nascido, na Rua da Palma, freguesia de Santa Justa, concelho de Lisboa, a oito de Setembro de mil nove e setenta e dois, então o dono desse blog levantaria todo o dinheiro que existisse na conta à ordem e a corrente acabaria.
Fazendo as contas, considerando que esta cadeia já anda por aí há uns meses e se estimarmos que entretanto houve pelo menos dez passagens antes de cá chegar, teríamos:

5+25+125+625+3.125+15.625+78.125+390.625+1.953.125+9.765.625 = 12.207.025€

12.207.025€ aqui pró menino! Isso é que era uma cadeia digna de ser passada. OK, Rita?

Ainda outra coisa. Eu não vou passar esta cadeia porque estas cadeias fazem-me lembrar o jogo do “Passa a morte”. Era tramado o “Passa a morte”. A primeira vez que me passaram a morte, como é óbvio, entrei em pânico.
“Então e agora!? O que é que eu faço!? Será que há remédios para isto!? Ou vai ter que ser com injecções!? Será que tenho de ir para o hospital? Oh meu Deus! Vou morrer! Eu não quero morrer!!!”
Depois lá me explicaram que bastava, com um toque, passar a morte a outra pessoa que nada me aconteceria. Fiquei mais descansado. A partir daí, passavam-me a morte, e eu na minha infantilidade, ia passá-la a outro colega de brincadeira. Ora quando isso acontecia, a morte continuava a rodar pelas crianças até que inevitavelmente voltava à minha pessoa. Achei que aquilo não tinha muita lógica. Tentei então a táctica do “devolver à procedência”, que era, passar a morte imediatamente a quem me a tinha passado, na esperança de a morte circular em sentido inverso até chegar ao instigador de toda aquela treta, que era, ao fim e ao cabo, quem merecia ser morto. Aquilo até resultou inicialmente, os outros ficavam um pouco confundidos mas lá iam devolvendo a coisa para trás, mas passados uns tempos começou a acontecer a criança que me passava a morte, e a quem eu a devolvia, adoptar exactamente a mesma táctica, e isso era tramado porque passávamos horas a dizer “passa a morte”, “passa a morte”, “passa a morte”, “passa a morte mil vezes”, “passa a morte infinitos”, “passa a morte infinitos mais um”… o que nos fazia perder todas as outras brincadeiras, para além de obrigar à intervenção de uma das mães, normalmente já enfurecida, que arrastasse um de nós para casa, para acabar com o impasse.
Foi então que, num rasgo de génio, acontecimento raríssimo ao longo de toda a minha vida, me lembrei de um método que resolveria o problema do “Passa a morte”. Quando me passavam a morte, eu sorrateiramente chegava-me à beira de um adulto, esses seres meio alienados de tudo quanto era importante na vida, dava-lhe um toque rápido, algo que duraria na pior das hipóteses um milésimo de segundo e, nesse milésimo de segundo dizia as palavras mágicas “passa a morte”. Ao adulto, que possivelmente só ouveria algo como “pssmt”, todo o episódio deveria parecer apenas um princípio de um ataque de epilepsia, numa criança já de si pouco normal, pelo que aquilo ficava por isso mesmo. Eu afastava-me rapidamente e seguia o meu caminho “Livrinho da Silva”, e o desgraçado do adulto lá ficava, alheio à sua própria desgraça, com a morte a encubar-se-lhe nas entranhas.
Estava encontrada a solução para o “Passa a morte”. No entanto, esta não era uma solução tão fácil de implementar como pode parecer à partida. Apesar de tudo, eu tinha a noção de que ficar com a morte não devia ser uma coisa agradável, pelo que só passava a morte a adultos de quem não gostasse, que eram pessoas que, diga-se em abono da verdade, não abundavam. Porém com umas idas à padaria, ou à peixaria, a coisa lá se resolvia, excepto uma vez que tentei passar a morte ao jardineiro que tomava conta do jardim junto à escola e que assentava a mão em quem fosse apanhado a roubar camarinhas nos arbustos. Dessa vez o que safou foi o bom par de pernas que tinha, caso contrário acho que tinha ficado com a morte para sempre. Safa!

Posto isto, acho que é óbvio que eu não vou passar esta cadeia a nenhum blogger, porque por enquanto não existe nenhum de quem eu não goste assim tanto.
Vou por isso utilizar a táctica de passar esta cadeia a pessoas, de quem não gosto muito e que não vão fazer a mínima ideia do que lhes coube em sorte. E assim, os nomeados são:

- a senhora que me atropelou de marcha atrás.
- a outra senhora que também me atropelou de marcha atrás.
- o meu vizinho da segunda casa a contar da esquerda que deixa sempre o carro estacionado no passeio quando o pode fazer de um modo que não prejudica ninguém.
- o senhor que ontem foi metade da viagem a cortar as unhas no comboio.
- à palhaça Picolé, da Praça da Alegria, porque têm de ser cinco pessoas, e eu agora não me lembro de mais ninguém.

E com esta conversa toda, reparo agora que não escrevi a frase. Aqui fica. É do livro “Zen e a Arte de Manutenção de Motocicletas”:

“A seguir olha para mim e aceno-lhe com a mão, para não ligar.”

5 comentários:

Anónimo disse...

Posts com mais de 20 palavras acho um abuso...não consigo!!!

dá para fazeres um resumo?

HV

rita maria josefina disse...

ahahah
eu já disse que sim
hei-de ir ai
mas primeiro vocês têm de convidar
até posso jantar
mas hei-de ir sim

quanto ao passa a morte, no meu tempo era mais o 'toca e FOGE' o que se traduzia em estarmos todo o tempo a fugir - é um bom substituto a ginásios..

Anónimo disse...

Diverti-me imenso a ler este post. Como diria o outro: tá porreiro,pá!Sem brincadeiras, está uma prosa muito bem esgalhada e com um subtil e magnífico sentido de humor.
Um abraço

Crama disse...

Violas: Queres um resumo? OK. A rita passou-me uma corrente. Stop. Eu não bato bem da tola não passo a corrente a mais ninguém. Stop.

Rita: convido sim senhora, mas já sabes, para a próxima cadeias que tenham dinheiro envolvido. A receber, bem se enetenda.

Aristides: Muito obrigado! É bom saber que, pelo menos desta vez, pude retribuir o prazer que tenho com a leitura do Castelo.

Anónimo disse...

Eu por mim voto no tal que corta unhas no comboio, e já agora em todos aqueles que cortam unhas em qualquer outro sítio público.
SA