domingo, 16 de março de 2008

Biodiesel

Com o gasóleo a 1,26€, chegou a hora de criar o meu império industrial na área das energias alternativas. Após muita pesquisa, e depois de convencer três colegas a auxiliarem-me na implementação do projecto, decidi começar pela produção de biodiesel. Na realidade a ideia já tem algum tempo, até porque sabia que a obtenção da matéria-prima iria ser morosa. Foi assim que, após vários meses em que as quatro alminhas andaram a recolher óleo vegetal usado (OVU), lá se conseguiu recolher os 10 litros que ontem se tratou de transformar em biodiesel. Sim, 10 litros. Não gozem. Hoje, 10 litros. Amanhã, 10 milhões de litros. Adiante.

O processo em si é relativamente simples. Basta googlar “biodiesel” e rapidamente se encontram vários sites onde se podem obter informações sobre o processo.

Basicamente o biodiesel é produzido na sequência de uma reacção química, denominada transesterificação, em que os triacilgliceróis do óleo vegetal, reagem com metanol, na presença de um catalisador, produzindo glicerina e o éster metílico de ácido gordo (biodiesel). No caso da experiência de ontem, a reacção de transesterificação foi catalisada por base, tendo sido utilizado o barato e facilmente encontrável hidróxido de sódio (soda caustica).

Antes de continuar, quero alertar que apesar de ser simples fazer biodiesel é bastante PERIGOSO quando não se tomam as devidas precauções no manuseio dos compostos. O METANOL é TÓXICO e ALTAMENTE INFLAMÁVEL e o HIDRÓXIDO DE SÓDIO é TÓXICO e CORROSIVO, por isso desaconselho vivamente a realização de experiências em casa. Também não devem ser feitas tentativas de produção de biodiesel sem se estar perfeitamente ciente de todos os riscos envolvidos bem como das medidas a tomar em caso de acidente. Estamos conversados?

Voltando à experiência de ontem, o primeiro passo consistiu na obtenção de 10 litros de OVU, limpo de impurezas à custa de decantações e filtragens. Depois foi apurado o pH do óleo.

Seguiu-se a produção de metóxido (metanol + hidróxido de sódio).

Entretanto aqueceu-se o OVU a uma temperatura de 100ºC para eliminação de água residual.

Com o agitador regulado para uma velocidade que permitia o arejamento do OVU, deixou-se arrefecer até atingir uma temperatura de 54ºC. Nesta altura, adicionou-se o metóxido e deixou-se no agitador enquanto se tratava de uma tarefa muito mais importante chamada almoço.

Ah pois! É que enquanto se fez o biodiesel, também se fez um belo arroz de pato como resultado de um processo muito mais complexo. Mas isso fica para outro post.

Concluída a mistura do metóxido com o OVU, deixou-se repousar de modo a que a glicerina se depositasse no fundo do vasilhame, ficando o biodiesel por cima.

Neste momento falta efectuar a separação e a lavagem do biodiesel, por isso não percam os próximos posts.

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