segunda-feira, 23 de junho de 2008

Invisível

Quando era rapazola, o meu herói preferido era o Homem-Aranha. Perfeitamente compreensível. Apreciava o seu maior sentido de humor, quando comparado com o trombudo do Super-Homem, assim como me identificava com o facto do desgraçado ter de encher sempre com uns belos abrunhos para levar a sua avante. Quando se cresce na Buraca, aprende-se, desde novo, que não se ganha sempre e quando se ganha, sai sempre do coiro. O João Baião que o diga.

Já mais tarde, e à medida que entrava na fase da pré-adolescência, ganhei um especial interesse pelo Homem-Invisível e pela janela de oportunidades que se abria com o super-poder deste herói. Também nisto, nada de estranho. Vá, digam lá que não! Sim, sim, contem-me histórias. Quantos e quantos não continuam, mesmo como adultos, a desejar o poder da invisibilidade? Aliás, estou convicto que o poder da invisibilidade é mesmo um dos super-poderes mais desejados pela humanidade. Basta observar o número de vezes que se escuta a expressão: “gostava de ser mosca”, que, ao contrário do que eu pensava quando era pequeno, não exprime o desejo de voar, ou comer cocó, mas sim, a vontade de passar despercebido, como mais tarde percebi.

Pois bem, esta conversa toda sobre super-heróis e super-poderes só para introduzir um anúncio bombástico:

Eu, Cramalhinha da Silva, descobri o segredo da invisibilidade!

Não acreditam? Eu explico como. Montam-se numa bicicleta, aventuram-se pelas estradas e ruas deste país e já está! Continuarão a ser exactamente as mesmas pessoas: uma cabeça, um tronco, quatro membros e umas gordurinhas localizadas, no entanto é certinho que ninguém vos irá ver! Serão mais transparentes que o Homem-Invisível. Infelizmente o uso deste super-poder tem alguns inconvenientes: os peões vão atirar-se para a vossa frente, os carros abalroar-vos-ão e não vai haver camião que não tente passar-vos a ferro mas, tirando isso, é impecável. Testado e aprovado. Agora só me falta descobrir uma maneira de levar a bicicleta para o quarto da Scarlett Johanson. Tudo em prol da ciência, claro.

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