- Ó pai, a Mariza?
- Já vem filha, tem calma!
Numa lógica de justiça e rotatividade democrática, este seria o concerto a que assistiriam Mrs. Crama e su madresita, enquanto eu ficaria em casa a tomar conta do pirralho. Acontece que o concerto nem começava assim tão tarde (teoricamente às 21:30) e de democrático eu tenho pouco, muito pouco. Por outro lado, já me apertava o coração, sempre que anunciava a ida a um concerto, ouvir: “E a este, eu vou contigo, pai?”. Vai daí, eram quatro bilhetes se faz favor, e toca de dar “treinos” intensivos de fado, e de Mariza, ao pirralho. Excelente decisão, para não variar. Cof, cof. Só foi pena o atraso com que o concerto começou, decorria já o período de descontos do pirralho, o que fez com que se lhe acabassem as baterias por volta da oitava música. Mas não fez mal. Aquilo que ouviu, sei que não irá esquecer tão cedo e eu, mesmo tendo de a segurar ao colo mais de metade do concerto (e filmar, e aplaudir, não é nada fácil), não me arrependi nada, na medida em que pude assistir a um concerto único e extraordinário. Um concerto que começa com um arrepio na espinha e acaba com uma lágrima a teimosamente querer saltar pelo canto do olho. Mas sobre o concerto, transcrevo a reportagem do DN.
11 mil assistiram ao arranque da digressão de Mariza
João Batista
Nuno Brites
Santarém. Monumental esgotou para ouvir fadista
Estreia do álbum 'Terra' num novo palco para actuações exteriores
Onze mil pessoas assistiram ontem à noite na Monumental de Santarém ao espectáculo que deu início à digressão mundial de Mariza.
O palco redondo montado no centro da arena da maior praça de toiros do País só voltará a ser visto em espectáculos nos recintos ao ar livre, uma vez que a estrutura foi criada propositadamente para este concerto. A estrutura, em forma de um globo azul, é uma referência directa ao novo álbum, Terra, que será lançado no dia 30.
Na noite mais curta do ano, que celebrou o solstício e o início do Verão, o ambiente foi de consagração de Mariza. Na arena de Santarém, a noite esteve fresca e estrelada, mas valeu o caloroso público que não poupou aplausos à fadista. Apesar do atraso de três quartos de hora no início do concerto, Mariza foi recebida na sua entrada em palco com uma ovação dos milhares de admiradores da artista, gritando entusiásticos "És linda!".
O alinhamento do espectáculo começou por privilegiar temas já conhecidas do público, que foi ao rubro ao som de Barco Negro, Cavaleiro Monge, Maria Lisboa ou Meu Fado Meu. Com a imensa plateia já cativada, seguiram-se as canções do novo e quarto álbum de Mariza, Terra, que até agora apenas tinha tido uma apresentação reservada no palco da Culturgest, em Lisboa, na passada semana. Estes novos temas foram muito bem recebidos, com destaque para Rosa Branca, o primeiro single do novo álbum, a merecer fortes aplausos.
Rosa Branca
Um dos momentos altos do concerto contou com a participação do músico Tito Paris. Beijo de Saudade - que sela a participação do cabo-verdiano em Terra - e Dança ma mi Crioula uniram o fado a sonoridades africanas.
Dança ma mi Criola (Tito Paris)
No final do espectáculo os 11 mil espectadores só deixaram Mariza despedir-se ao terceiro encore, em que puderam ouvir dois temas novos - Morada Aberta e, novamente, Rosa Branca - e o já consagrado Ó Gente da Minha Terra. Mariza fez-se acompanhar pelos músicos Diogo Clemente, à viola, Angelo Freire, na guitarra portuguesa, Ruben Alves, ao piano, Marina Freitas, na viola acústica, Viki, na bateria, e João Pedro Ruela, na percussão. O espectáculo foi filmado para o videoclip de promoção desta digressão mundial, que seguirá com um concerto na quinta-feira, dia 26, em Ponte de Lima.
Gente da Minha Terra
Começou, pois, da melhor maneira esta digressão mundial de Mariza. Uma casa cheia para assistir a um espectáculo memorável, em que a voz da fadista fez vibrar a Monumental de Santarém.
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