quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

No gaveto

Abro os olhos e num instante percebo o que me aconteceu. Sobressaltado corro em direcção à porta. Carrego no botão e nada. Está fechada. Sigo para a frente pelo corredor. No segundo compartimento vejo a senhora da limpeza no andar de cima. Olha para mim de relance. Percebo que ficou nervosa. “O que fará um gandulo destes aqui, a esta hora?” – deve pensar. Sigo pelo o andar de baixo para não a assustar mais. Já em frente à cabine tento espreitar lá para fora através do vidro espelhado. Não consigo ver nada. Encosto o nariz na janela e ponho as duas mãos em redor da cara para tapar a claridade interior. VRRRANNN. Merda, merda, merda! “Se eles estão a passar tão perto, não tenho a mínima hipótese de sair daqui.”
Olho para a porta da cabine e penso se hei-de bater. Desisto da ideia. Mesmo que ele quisesse não me poderia ajudar. Só sairemos do meio deste nada quando a luz verde se acender. Pego no telemóvel. 2 tecla verde.
- “Estou. Vou chegar mais tarde.” – digo desanimado.
- “Então?” – pergunta-me do outro lado.
Bastam três palavras para me explicar e assim desencadear o discurso habitual.
- “Olha o Sporting já está a ganhar.” – diz-me, antes de desligar.
- “Espera…”
A porta da cabine abre-se e ele sai. Assim que me vê, ri-se, tentando conter o ar trocista.
- “Vai andar?” – pergunto esperançado.
- “Sim, sim, dentro de momentos.” – diz-me, enquanto se afasta pelo corredor.
Retomo a conversa ao telefone.
- “Como assim? O jogo deve estar agora a começar!”
- “Sim. Está no segundo minuto mas o Sporting já marcou um golo.”
F!”#$$, mas por que raio adormeci eu no comboio!?

2 comentários:

Carrapato disse...

You did it again???
Always the same!

Anónimo disse...

Não muda...
É para ter histórias para contar aos netos.