domingo, 22 de abril de 2007

Jacinta cantou Zeca Afonso

Já voltei, infelizmente. Se dependesse de mim, ainda estava em Santarém por esta altura, a ouvir uma Jacinta prestes a desfalecer. Caramba, que espectáculo! Bom, mas vamos lá levar isto um pouco mais a sério.
A autora de Day Dream (muito elegante, num belo vestido preto), acompanhada por Rui Caetano (piano) e Bruno Pedroso (bateria), trouxe ontem ao palco do Teatro Sá da Bandeira, a música de Zeca Afonso, como fonte de inspiração para um concerto cheio de jazz, swing e calor.
A sala estava completamente cheia, o que levou a que alguns familiares do Zeca, que não conseguiram bilhetes, tivessem de assistir ao concerto no back stage. Quem mandou não fazerem aqui como o Crama, que fez a reserva com duas semanas de antecedência?
Foram interpretadas, em versões que se estranham e depois se entranham: Adeus ó Serra da Lapa, O homem voltou, A formiga no carreiro, Era um redondo vocábulo, Cantigas do Maio, Tenho um primo convexo, Se voaras mais ao perto, A morte saiu à rua, Que o amor não me engana, Canção de embalar, De não saber o que me espera e Saudades de Coimbra; já no encore: Traz outro amigo também e o bisar de A formiga no carreiro.
Tendo assistido recentemente a um espectáculo semelhante protagonizado pela Cristina Branco, torna-se tentadora uma comparação directa entre os dois concertos. Tecnicamente, achei o som da Cristina, no São Luiz, mais equilibrado e cheio. Ontem, pareceu-me que a bateria estava um tudo-nada saliente, sobretudo em relação ao piano. Nada, felizmente, que fosse ao nível de prejudicar o prazer auditivo.
Artisticamente, julgo ser despropositado tentar estabelecer termos de comparação. São vozes diferentes, estilos distintos, apesar do jazz ter estado presente em ambos. No máximo, poder-se-á dizer que o concerto de Jacinta é menos ortodoxo. Em comum, no entanto, o facto de serem espectáculos que acabam sempre a saber a pouco. Não devido a qualquer tipo de escassez musical, mas sim porque, com a vasta discografia do Zeca, nunca há lugar para tudo o que se gostaria (e aqui penso que falo por muita gente) de ter ouvido. Paciência…
Enquanto não é publicado o CD, ou o DVD, deste projecto, fica aqui o (péssimo) registo da música De não saber o que me espera.

6 comentários:

rita maria josefina disse...

Essa Jacinta tem uma voz.........

Crama disse...

Também acho. E olha que a nossa opinião é partilhada por muita gente. António Duarte (dos 5 minuots de jazz da Antena 1), por exemplo, disse dela: "Jacinta é A cantora portuguesa de jazz".

rita maria josefina disse...

E é mesmo, ainda hoje, durante o jantar estive a deliciar-me com a voz dela - meti o Day Dream a tocar...

Anónimo disse...

Preciso registrar, em favor da justiça, que o cd "Co'as Tamanquinhas do Zeca!" dos Couple Coffee é o cd-concerto do ano em homenagem a José Afonso.
Quem esteve no último Maxime e na Festa do Avante sábado no Auditório 1º de Maio, sabe do que estamos a falar...
Oiçam e depois respondam.

Crama disse...

Caro Anónimo:
Bem haja pela dica. Irei averiguar.

Alan Romero disse...

O Zeca merece todas as homenagens. Oxalá todos os anos fossem iguais a este, pródigo em tributos. Concordo com o anónimo, meu favorito também é o disco dos Couple Coffee. De um bom gosto a toda prova, arranjos ousados e impecáveis, músicos de primeira e que voz tem a Luanda Cozetti!
Quem ainda não ouviu, pode ter uma amostra no MySpace:
http://www.myspace.com/couplecoffee