sábado, 17 de março de 2007

O corpo é que paga

Os 5 km de corrida feitos de manhã souberam-me a pouco.
Uma voltinha de bicicleta parecia-me a forma ideal de me despedir deste dia de sol primaveril.
Ela lá estava. Velhota, e com os pneus ressequidos, apesar do pouco uso que o meu sogro lhe deu. Mesmo assim, continua a ser uma boa bicicleta de corrida. Uma pequena revisão e estaria impecável, e depois, o objectivo não era bater recordes.
“Levas o telemóvel?” – Inquiriu Mrs. Crama.
“Levo lá agora o telemóvel! Vou passear e quero estar descansado!” – Respondi.
“Agora, vê lá se te espetas para aí, nalgum caminho esquisito e eu sem saber onde te procurar!” – Devolveu, sempre com aquele seu hábito de traçar os cenários mais optimistas.
“Vou tentar” – Disse já de abalada.
Saída de Vila Viçosa em direcção ao Alandroal. Os primeiros 5 km, praticamente planos, passam num instante, em ritmo de contra-relógio. A partir daí o relevo começa a tornar-se mais irregular.
Óptimo! Foi mesmo para puxar pelo cabedal que eu me meti à estrada.
As subidas são feitas em “forcing” e as descidas prego a fundo.
Km 12, numa subida já a caminho de Terena, cãibra no gémeo esquerdo. Fixe, começamos bem. Paro para fazer uma auto-massagem e sigo caminho. Na descida seguinte, em alta velocidade, começo a sentir uma vibração proveniente da roda traseira. Paro novamente e constato que o pneu desenvolveu um hematoma na zona do pipo e ameaça saltar da jante. Porreiro, era só o que me faltava.
Decidido a não abusar mais da sorte faço inversão de marcha e sigo em ritmo bastante lento.
A 10km de casa, nova cãibra, desta vez no gémeo direito. Começo a dizer mal da minha vida. Mais uma paragem, mais uma massagem. A progressão torna-se agora bastante penosa.
No cruzamento de Pardais, a 6 km de Vila Viçosa, psssss… pneu traseiro com os porcos. Palavras bonitas afloram-se-me à cabeça, juntamente com imagens do telemóvel.
E agora?
Bem, sempre podia tentar parar alguém e pedir para fazer uma chamada para me virem buscar. Rapidamente afasto esses pensamentos. Afinal de contas sou um homem, ou sou um rato! Há 10 anos vivia sem telemóvel e os problemas resolviam-se, e 6 km a pé e a empurrar uma bicicleta furada também não são nada do outro mundo.
Mesmo em situações extremas, acho que se devem manter certos princípios.
Se eu me recuso a engolir o orgulho, e não peço uma informação quando estou perdido, muito menos iria solicitar ajuda numa situação tão embaraçante.
Questões de ética por assim dizer.
E assim foi: 6km a pé, a arrastar a bicicleta e com as pernas doridas que é para não ser parvo. E não fui. Parvo, quero eu dizer. Parvo seria trocar o pneu da bicicleta e repetir tudo amanhã. Por falar nisso, sabem o que vou fazer amanhã?

2 comentários:

Anónimo disse...

Têm a mania que estão em forma...e depois dá nisto:)

telem´vel ter ficado em casa...sem dúvida foi a melhor opção nos dias de hoje...

AGUENTA DE NÂO CHORA!!!

eheheheheheh

Crama disse...

Têm a mania não!
Eu estou em forma, mais concretamente em forma de 8!
Mesmo assim ainda dá para aviar alguns.